Sítio Histórico de Cruz das Almas, em comunidade quilombola de Garanhuns, é tombado pelo Governo de Pernambuco
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Sítio Histórico de Cruz das Almas preserva suas características arquitetônicas e rituais, mesmo diante de transformações externas
Eduardo Cunha/Fundarpe/Secult-PE
O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC) aprovou nesta quinta-feira (18) o tombamento definitivo do Sítio Histórico de Cruz das Almas, no Quilombo Castainho, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. O conjunto, formado por uma antiga casa de oração do século 18, um cruzeiro e um cemitério quilombola, passa a integrar oficialmente o Livro do Tombo de Conjuntos Urbanos e Sítios Históricos.
O tombamento reforça a preservação da memória e da identidade quilombola no estado. Com a decisão, Pernambuco contabiliza 113 bens tombados em âmbito estadual, além de outros 64 em processo de proteção e 94 já reconhecidos em nível federal.
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O monumento religioso é uma construção do século XVIII
Eduardo Cunha/Fundarpe/Secult-PE
A solicitação para o tombamento começou em 2019, após ofícios enviados ao CEPPC pelo Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns e pela Academia de Letras de Garanhuns. O processo foi formalmente aberto em 2020, com a publicação do edital pelo Governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
Durante os estudos técnicos, foram realizadas pesquisas documentais, consultas públicas, oficinas de conservação e escutas da comunidade local. O parecer final concluiu que o Sítio preserva características arquitetônicas e rituais, mesmo diante de transformações externas, como a expansão urbana e a privatização de áreas vizinhas.
Historicamente, o espaço abrigou práticas religiosas de origem africana.
Eduardo Cunha/Fundarpe/Secult-PE
Para a presidente da Fundarpe, Renata Borba, o tombamento representa mais do que preservação arquitetônica. “Estamos diante de um patrimônio que não apenas guarda a história de Castainho, mas também dialoga com a trajetória de todos os quilombos de Pernambuco”, afirmou.
A decisão foi celebrada pela comunidade. “A Cruz das Almas é um pedaço de cada um de nós. É memória, resistência e história”, disse José Carlos Lopes da Silva, liderança quilombola de Castainho.
O tombamento assegura que o espaço, considerado símbolo de resistência e ancestralidade, seja legalmente protegido contra alterações ou destruição. Além disso, reforça o reconhecimento do papel das comunidades quilombolas na formação da identidade cultural de Pernambuco.
Imagens religiosas estão presentes na capela de Cruz das Almas
Eduardo Cunha/Fundarpe/Secult-PE